Blog do vasco

Wednesday, March 15, 2006

Os Incas

Os Incas eram um povo indígena da América do Sul que habitava nas montanhas do actual Perú, nas margens do rio Huatamay.
A sua cidade, Cuzco, que na língua inca quer dizer “Umbigo do Mundo”, tornou-se a capital de um vasto império conquistado ao longo de várias centenas de anos, desde o ano 1200 até à sua destruição pelos conquistadores espanhóis em 1533.
O Império Inca atingiu o seu maior poderio no séc. XV, em que chegou a ter mais de 3000 Km de extensão ao longo de quase toda a região dos Andes e incluía vastos territórios da costa oeste da América do Sul, incluindo zonas do Equador e Colômbia, todo o Perú e Bolívia, e norte da Argentina e Chile.
O Império era governado por um Inca, considerado um deus, a quem todos adoravam e pagavam tributos. Abaixo do Inca havia outras quatro principais classes de cidadãos: a família real, os nobres, os chefes militares e os chefes religiosos. Estes viviam na capital e a partir dela governavam o Império. Este estava dividido em quatro províncias, cada uma com o seu governador. Os governadores organizavam as tropas locais, cobravam os impostos e impunham a lei e a ordem. Abaixo dos governadores estavam os oficiais militares locais. Mais abaixo estavam os camponeses, que eram a grande maioria da população.
O primeiro imperador inca foi Manco Capac, que em 1200 iniciou a conquista de vários territórios, mas o mais importante de todos foi Pachacuti (1438 a 1471).
Os incas tinham um exército bem treinado e organizado que partia em expedições para conquista de novas terras e submissão de novos povos que forneciam mais soldados e pagavam mais impostos. Antes das invasões, Pachacuti enviava mensageiros para explicar aos povos que queria dominar que era melhor para eles juntarem-se ao Império. Quando os opositores se rendiam eram bem tratados mas quando resistiam eram massacrados.Os que aceitavam juntar-se, para além de evitarem uma derrota militar e morte quase certa, passavam a ser protegidos e a dispor de uma rede de estradas e pontes para o comércio e de um sistema de agricultura organizada e mais produtiva.
Calcula-se que os incas cultivavam cerca de 700 espécies vegetais e as estradas possibilitavam uma boa distribuição das colheitas. As principais culturas eram a batata, batata-doce, milho, algodão, tomate, amendoim e mandioca. Usavam varas e arados para lavrar e um animal, a lhama, que para além de ajudar nos trabalhos pesados, fornecia lã para fazer tecidos, mantas e cordas, couro e carne.Embora possuíssem muito ouro e prata que existiam em abundância no leito dos rios, os incas não usavam dinheiro. Trocavam mercadorias por outras ou por trabalho. Também não tinham escrita e todos os conhecimentos eram transmitidos oralmente.
Os incas construiram diversos templos consagrados às suas divindades e adoravam acima de tudo o “deus Sol”. Outras divindades (os “huacas”) viviam em objectos naturais como as montanhas, os rios ou os lagos, que também eram venerados. Nas ocasiões mais importantes eram feitos sacrifícios de animais e humanos como oferta aos deuses, principalmente no nascer do sol. Em grandes ocasiões, como quando um novo inca subia ao poder, chegavam a ser sacrificadas 200 crianças em honra do deus Sol. Acreditavam na reencarnação e aqueles que cumprissem os principais mandamentos – não roubar, não mentir e não ser preguiçoso – iriam viver ao calor do sol quando morressem, enquanto que os outros passariam os dias eternamente na terra fria. As pessoas mais importantes eram mumificadas e enterradas sentadas em túmulos juntamente com vários objectos pessoais, pois acreditavam que depois de mortas as pessoas importantes poderiam conversar umas com as outras.
Quando em 1527 o inca Huayana Capac morreu, o império inca estava já a ser atacado pelos conquistadores espanhóis, chefiados pelo terrível Comandante Pizarro, que procuravam as riquezas do ouro e prata e difundiam a religião católica. Os espanhóis, apesar de pouco numerosos – eram menos de 200 soldados e 27 cavalos - tinham grande vantagem sobre os incas porque possuíam armas de fogo contra apenas lanças, arcos e flechas. Além disso, o contacto das populações incas com pessoas vindas da Europa trouxe contágios de doenças que até então não existiam na América do Sul e muitos morreram por causa disso. Ainda por cima, os filhos de Huayana Capac não se entendiam em relação à sucessão e uma guerra civil entre os incas durou mais de 12 anos. O inca Atahualpa, filho mais novo de Huayana Capac, subiu ao poder em 1532 mas o seu reinado durou pouco mais de 1 ano. Preso por Pizarro, Atahualpa acabou por ser executado. Nunca mais o Império Inca se recompôs. As terras foram sendo abandonadas, a fome espalhou-se e os próprios incas tornaram-se inimigos uns dos outros por ganância pelo ouro e prata que perceberam agora que tinha muito valor. Do grandioso Império restaram apenas vestígios de cidades e monumentos e algumas peças decorativas pois tudo foi destruído com a ocupação espanhola.

Wednesday, March 08, 2006

O Coco

Nome Científico do Coqueiro: Cocos nucifera L.
Família: Palmáceas Nomes populares: Coqueiro, coqueiro-da-Índia, coco-da-baía
Origem: Muitas referências afirmam que o Cocos nucifera é originário da Índia. Há algumas referências, entretanto, que defendem a origem desconhecida desta palmeira.
Clima: A planta frutifica apenas em locais de clima quente.
Há uma teoria muito interessante que tenta explicar a forma como esta palmeira se teria espalhado: os cocos teriam flutuado de um continente para o outro por meio das correntes oceânicas. Isso explicaria, por exemplo, a afirmação de que o coqueiro teria entrado de forma natural no litoral brasileiro.
O coqueiro é uma palmeira de folha lisa que pode atingir até 25 m de altura e 30 a 50 cm de diâmetro.
As folhas são largas e compridas. O fruto é uma noz grande com uma semente recoberta por uma casca dura. No interior da casca, encontra-se a amêndoa, que é a parte comestível, com cerca de 1cm de espessura e a cavidade cheia de líquido - a deliciosa água de coco. O período entre a formação do fruto até o amadurecimento é de cerca de 12 meses.
O termo "coco" foi desenvolvido pelos portugueses no território asiático de Malabar, na viagem de Vasco da Gama à Índia (1497-1498), a partir da associação da aparência do fruto, visto da extremidade, que se assemelharia à face de um "coco" (nome usado na época para designar um monstro imaginário com que se assusta as crianças – papão ou ogre). Do português o termo passou ao espanhol, francês e inglês "coco", ao italiano "cocco", ao alemão "Kokos" e aos compostos inglês "coconut" e alemão "Kokosnuss".
O coqueiro (Cocos nucífera L.) é cultivado em aproximadamente 90 países , sendo típico do clima tropical. Tem origem no Sudeste Asiático. Os maiores produtores mundiais actuais são as Filipinas, a Indonésia e a Índia. No Brasil a cultura do coqueiro, variedade gigante, chegou com a colonização portuguesa em 1553, oriundo da ilha de Cabo Verde onde, por sua vez, teria chegado de plantações Indianas, introduzidas na África.Em algumas partes do mundo, macacos treinados são usados na colheita do coco. Escolas de treino para macacos ainda existem no sul da Tailândia. Todos os anos são realizadas competições para identificar o mais rápido.

A Palma

Desde a época dos faraós egípcios, há quase 5000 anos, que a palma oleaginosa tem sido uma importante fonte alimentícia para o homem. O óleo chegou ao Egipto vindo da África Ocidental, de onde se origina a Elaeis guineensis. Terão sido os navegadores portugueses que levaram esta árvore para oriente. As condições climatéricas na Malásia, caracterizadas por um clima tropical com temperaturas que variam entre 24 e 32º C sem grandes variações ao longo do ano, com períodos chuvosos alternados com bastante sol, são ideais para o cultivo da palma. No Brasil, é denominada “ palmeira do dendê “, e foi introduzida pelos escravos trazidos por portugueses no século XVI.A árvore começa a produzir frutos a partir dos 3 anos de existência depois de semeada e tem uma vida económica de 20 a 30 anos. É a partir da sua semente que se produz um importante óleo utilizado na indústria alimentar: o óleo de palma. Com as técnicas actuais, cada hectare de palma pode render anualmente até 5 toneladas de óleo de palma, o que representa 5 a 10 vezes mais que qualquer outro cultivo comercial de óleo vegetal. A palma produz um rendimento em óleo de aproximadamente 3700 Kg/hectare, anualmente. Em comparação com os rendimentos do óleo de soja (389 kg/hectare) e do óleo de amendoim (857 kg/hectare) é muito mais produtiva. Este óleo vegetal é uma gordura que, apesar de em princípio poder ser retirado de várias partes da planta, na prática é extraído na sua maioria (quase exclusivamente) das sementes. Os óleos vegetais são utilizados como óleo de cozinha e para usos industriais.De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América, o total de consumo de óleos vegetais no Mundo no ano 2000 era o seguinte:
Óleo de Soja - 26.0 milhões de toneladasÓleo de Palma - 23.3 tÓleo de Colza - 13.1 tÓleo de Girassol - 8.6 tÓleo de Amendoim - 4.2 tÓleo de Algodão - 3.6 tAzeite - 2.5 tTOTAL - 81,3 t.

Os Portugueses em Nagasaki



Portugal e Espanha foram, nos séculos XV e XVI, os grandes descobridores de “novos mundos”. Em 1498 Vasco da Gama chega à Índia por via marítima, contornando o continente africano. Em 1492, Cristóvão Colombo descobre a ilha de Haiti, na América do Norte. Fernão de Magalhães chega ao Oriente atravessando o oceano Atlântico e o oceano Pacífico depois de ter contornado a América do Sul. Pedro Álvares Cabral chega ao Brasil em 1500.
Durante o reinado de D. Manuel I, o que se conhecia do extremo oriente eram relatos da viagem de Marco Polo à China, em 1291. Nessas viagens, o explorador ouviu falar de um rico arquipélago a que os chineses chamavam “Ji-pangu” – local onde o Sol nasce – que mais tarde seria designado “Japão”. Nessa época os japoneses viviam isolados, sem contactos com outros países ou continentes para além da China e Coreia. Marco Polo descreveu o Japão como “uma ilha grande, com gente de pele clara, de boas maneiras, formosos, e de uma riqueza incalculável”.
Era por isso natural que aos navegadores portugueses interessasse descobrir o Japão mas foi por acaso que isso aconteceu. Em 1540 os navegadores portugueses tiveram os primeiros contactos com marinheiros japoneses que faziam comércio nas pequenas ilhas chinesas de Liampo. Foi num dos barcos que usavam nessa zona que, num dia de forte tempestade, três portugueses acabaram por chegar à costa Sul do Japão, na ilha de Tanagashima.
Estes foram os primeiros ocidentais que os japoneses viram na sua terra. Segundo escritos locais esse acontecimento deu-se a 23 de Setembro de 1543. Desde essa data algumas trocas comerciais foram-se estabelecendo e no local onde os barcos acostavam foi-se desenvolvendo um centro de comércio e mais tarde uma cidade: a cidade de Nagasaki. Durante muitos anos esta cidade foi a porta de entrada para o Japão, não só para navegadores portugueses mas também, depois, para holandeses, ingleses, coreanos e chineses.

Em 1549 chegou ao Japão um padre Jesuíta chamado Francisco Xavier, com a missão de cristianizar os japoneses, cuja religião era o budismo. Foram os portugueses que levaram para o Japão as primeiras armas de fogo (os mosquetes, espécie de espingarda). Como nessa época o Japão estava em constante guerra entre senhores feudais (“shoguns”), as armas de fogo tiveram muita procura e valiam fortunas em prata e ouro. Foram também os portugueses que levaram para o Japão as primeiras máquinas de impressão e muitos instrumentos musicais até então desconhecidos.Em 1570, Nagasaki era um importante porto de importação e exportação comercial e de actividade missionária cristã, onde se construíram igrejas católicas e um hospital que introduziu a medicina que se praticava na Europa. Apesar dos grandes passos que foram dados para desenvolver as trocas culturais e comerciais entre os dois países, o Japão começou a criar obstáculos à entrada de estrangeiros. Em 1614 foi criada uma lei que proibia o Cristianismo e em 1639 as relações entre o Japão e Portugal foram cortadas.
Já na era moderna, Nagasaki desenvolveu-se como um importante centro industrial, principalmente na construção naval. Por isso, na IIª Guerra Mundial (1939 – 1945), Nagasaki seria sempre um alvo para o ataque dos americanos, pois era lá que os navios de guerra japoneses eram construídos. Em 6 de Agosto de 1945, a primeira bomba atómica foi largada pelos americanos na cidade de Hiroshima, com a sua quase total
destruição. Três dias mais tarde, em 9 de Agosto, uma segunda bomba
iria ser largada sobre a cidade de Kokura, mas como nessa zona o céu estava coberto de nuvens, o avião que transportava a bomba dirigiu-se para Nagasaki. Às 11.02 horas a bomba é largada. Tratava-se de uma bomba um pouco diferente da bomba de Hiroshima, muito mais potente, mas apesar disso o número de mortes foi inferior ao de Hiroshima porque o terreno em Nagasaki era acidentado e os montes e colinas serviram de
protecção a várias zonas da cidade. também a típica disposição portuguesa das casas e ruas, em anfiteatro, aproveitando as condições naturais do terreno a isso ajudou. Mesmo assim morreram de imediato quase 74000 pessoas e mais 75000 terão morrido nos dias seguintes devido ao efeito das radiações.
A cidade foi reconstruída e recuperou a sua importância económica. A indústria naval e automóvel continuam a ser as mais importantes. Também a influência cristã se manteve e muitas igrejas católicas foram reconstruídas.

Mas os vestígios de Portugal em Nagasaki e no Japão são ainda visíveis. As influências culturais dos portugueses foram muitas e importantes e muitas palavras japonesas têm origem portuguesa, como por exemplo “botan” (botão), “kappa” (capa), “koppu” (copo), “orugan” (orgão), “tabako” (tabaco), “bisuketto” (biscoito), “pan” (pão), “yoroppa” (europa), “shabon” (sabão), etc.
Em Nagasaki manteve-se uma pequena comunidade de católicos e foram construidas igrejas católicas ao longo dos séculos. Um bolo chamado “kasutera” típico de Nagasaki mais não é do que o nosso pão-de-ló, cujo fabrico foi ensinado aos locais pelos portugueses. Nas festas populares “O-Kunchio Matsuri” que ocorrem em Nagasaki em Outubro, há um desfile que inclui sempre réplicas de caravelas portuguesas.